Semana passada precisei extrair o dente do siso. Realizei uma breve enquete com as pessoas mais próximas e me disseram que o procedimento é bem desagradável.
Ótimo - pensei.
Ocorre que não doeu tanto quanto eu esperava. A única parte realmente desagradável do procedimento foi a sensação de vazio que fica dentro da boca. Parece que a língua, instintivamente, vai direto para o local onde outrora havia um dente.
A sensação de não ter um dente onde deveria ter me afligiu bastante.
Acontece que, após alguns dias a sensação de que estava faltando algo foi embora, parecia que nunca havia existido um dente no local, a sensação de vazio tornou-se uma sensação regular, normal, ordinária.
Isto posto, comecei a pensar sobre como muitos relacionamentos que tive até hoje foram parecidos com o siso.
Muitas vezes senti falta de certas pessoas e com o tempo percebi que isso não estava ligado a amor, paixão, ou qualquer coisa do tipo e sim ao costume.
Assim como a língua apontava diretamente para o buraco deixado pelo dente extraído, a minha mente sempre apontava para a pessoa que já não era mais minha. Porém, gradativamente isso passou, e chegou a um ponto de eu não pensar mais na pessoa.
Assim constatei: do que eu sentia falta não era a pessoa em si, e sim o local que ela ocupava, local esse, vago e disponível para qualquer outra pessoa preencher.
Portanto, de agora em diante sempre irei refletir...
É de uma pessoa que estou sentindo falta ou de um siso?
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