sábado, 16 de novembro de 2013

É um siso ou uma pessoa?

Semana passada precisei extrair o dente do siso. Realizei uma breve enquete com as pessoas mais próximas e me disseram que o procedimento é bem desagradável. 

Ótimo - pensei

Ocorre que não doeu tanto quanto eu esperava. A única parte realmente desagradável do procedimento foi a sensação de vazio que fica dentro da boca. Parece que a língua, instintivamente, vai direto para o local onde outrora havia um dente. 

A sensação de não ter um dente onde deveria ter me afligiu bastante. 

Acontece que, após alguns dias a sensação de que estava faltando algo foi embora, parecia que nunca havia existido um dente no local, a sensação de vazio tornou-se uma sensação regular, normal, ordinária. 

Isto posto, comecei a pensar sobre como muitos relacionamentos que tive até hoje foram parecidos com o siso. 

Muitas vezes senti falta de certas pessoas e com o tempo percebi que isso não estava ligado a amor, paixão, ou qualquer coisa do tipo e sim ao costume. 

Assim como a língua apontava diretamente para o buraco deixado pelo dente extraído, a minha mente sempre apontava para a pessoa que já não era mais minha. Porém, gradativamente isso passou, e chegou a um ponto de eu não pensar mais na pessoa. 

Assim constatei: do que eu sentia falta não era a pessoa em si, e sim o local que ela ocupava, local esse, vago e disponível para qualquer outra pessoa preencher. 


Portanto, de agora em diante sempre irei refletir... 


É de uma pessoa que estou sentindo falta ou de um siso?

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Inveja branca?

Inveja branca, quando eu vejo alguém falar isso meu sangue atinge estado de ebulição. Por que inveja branca, quer dizer que é uma inveja....boa

Mas, quem disse que sentir inveja é ruim? Na minha concepção é natural. 

Sempre que alguém possuí ou consegue algo que desejamos nós sentimos inveja. Isso até serve como uma forma de motivar a pessoa a ir atrás de seus sonhos, mostra que é possível conseguir o mesmo.

Talvez por imposição social ou por medo que as pessoas possam ter de olhar pra dentro de si mesmas elas acabam denominando que a inveja delas é branca. 

Isso me remete a Carl Gustav Jung, e o seu conceito de sombra. 

Para Jung, todos nós possuímos uma sombra, e nela estão contidos todos os aspectos que a sociedade e o próprio indivíduo considera imoral ou violento. Em suma, a sombra é tudo que somos e não desejamos ser. 

Neste sentido, a sombra abriga a inveja.

Mas, qual o problema de aceitarmos quem nós somos? É o medo da represália da sociedade? Ou é pura vergonha? Mas vergonha de que

Atingimos um ponto tão ridículo de evolução que muitas pessoas sentem vergonha de usar o banheiro alheio para fazer necessidades. Uma coisa natural. 

Masturbação, nem pensar! 

Inveja? Só se for branca. 

Concordo que ser autêntico é difícil, e assumir que não somos perfeitos e que possuímos defeitos é mais difícil ainda. Mas não podemos atingir o ponto de negar nossa humanidade. 

E grande parte disso é culpa da internet, na internet fica mais fácil expor uma persona, uma mascara, uma pessoa que não somos.

Portanto, como meu blog é novo aqui vai um pequeno resumo para quem se interessar: 

Sinto inveja, muitas vezes a luxuria me corrói, já tive episódios em que fui avarento, me mostre uma caixa de chocolate e verá que a gula faz parte de mim, sinto raiva, ódio e rancor, odeio acordar cedo -  logo a preguiça me acompanha, tenho problemas com a vaidade...

...faço necessidades e me masturbo

Prazer.


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Deixe-me pensar

Nunca suportei o maniqueísmo. A realidade é tão difícil para ser explicada de maneira tão banal. Bom e mau, certo e errado, herói e vilão. 

Às vezes penso - será que alguém gostaria de viver em um mundo assim? Onde o certo é o certo e o errado é errado, sem margem para interpretação? 


Isso me lembra as aulas de literatura. O professor apresentava grandes textos, trechos sublimes e queria que os alunos explicassem o que o autor quis dizer. Uma tarefa muito gostosa, não fosse o fato de o professor exigir a resposta que ele e maioria das pessoas acreditam ser plausível. 


De acordo com o contexto histórico, o fator social e a saúde do autor o professor fornecia a resposta adequada. 


Odiava isso. 


Acredito que sim, muitas pessoas que escrevem são influenciadas por diversos fatores que podemos deduzir, mas não é exato. Eu posso sentir dor mas escrever sobre a dor de outrem. Posso estar angustiado e escrever sobre a felicidade. Mas o que ninguém pode é definir o que uma pessoa quis dizer. Por que o texto é pessoal, é a interpretação que da vida ao texto. 


E antes fosse apenas na literatura. Isso ocorre em diversos segmentos. O "pode ser" é sempre excluído pelo "é". A dúvida sempre fica atrás da afirmação. É a famosa ciência da massa, que esquece que todo indivíduo é único, apesar de semelhante. 


Meu ponto é, deixem a exatidão para os números. Para todo o resto, que deixe-me pensar.