Nunca suportei o maniqueísmo. A realidade é tão difícil para ser explicada de maneira tão banal. Bom e mau, certo e errado, herói e vilão.
Às vezes penso - será que alguém gostaria de viver em um mundo assim? Onde o certo é o certo e o errado é errado, sem margem para interpretação?
Isso me lembra as aulas de literatura. O professor apresentava grandes textos, trechos sublimes e queria que os alunos explicassem o que o autor quis dizer. Uma tarefa muito gostosa, não fosse o fato de o professor exigir a resposta que ele e maioria das pessoas acreditam ser plausível.
De acordo com o contexto histórico, o fator social e a saúde do autor o professor fornecia a resposta adequada.
Odiava isso.
Acredito que sim, muitas pessoas que escrevem são influenciadas por diversos fatores que podemos deduzir, mas não é exato. Eu posso sentir dor mas escrever sobre a dor de outrem. Posso estar angustiado e escrever sobre a felicidade. Mas o que ninguém pode é definir o que uma pessoa quis dizer. Por que o texto é pessoal, é a interpretação que da vida ao texto.
E antes fosse apenas na literatura. Isso ocorre em diversos segmentos. O "pode ser" é sempre excluído pelo "é". A dúvida sempre fica atrás da afirmação. É a famosa ciência da massa, que esquece que todo indivíduo é único, apesar de semelhante.
Meu ponto é, deixem a exatidão para os números. Para todo o resto, que deixe-me pensar.
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